Romaria à capela onde bispo faz greve de fome
Jornal A Tarde, 02/12/2007.
Prossegue a romaria à capela onde o bispo de Barra, dom Luiz Flávio Cappio completou ontem o sexto dia de greve de fome.
As pessoas continuam chegando de todos os lugares e fazem questão de conversar com o bispo, tirar fotos e mostrar solidariedade ao ato de protesto às obras de transposição do Rio São Francisco.
Do município de Penedo, Alagoas, veio Antônio Gomes dos Santos*(Toinho Pescador) de 76 anos que faz parte do Comitê Nacional da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
Ele esteve recentemente no Ceará e disse que “está enganado quem pensa que não existe água por lá”. Na sua visão, o problema não é a ausência de água, mas a distribuição.“Quem pensa que a transposição vai levar água do rio para os pobres não sabe que ela só será usada para o agronegócio”, afirma. Por acreditar que as pessoas que defendem a transposição “não estão cientes” da real situação da água nos Estados que seriam beneficiados com a obra, o pescador contou que fez questão de vir de tão longe para Sobradinho com objetivo de “defender o bispo”.
Outro admirador do religioso, Pedro João de Souza que pertence à Pastoral dos Pescadores de Petrolândia, Pernambuco, também está em Sobradinho para apoiar o religioso e assegura que “todos os pescadores se solidarizam com o bispo, principalmente porque sabem qual a realidade do rio, que cada dia tem menos peixes. Mas estamos temerosos dos resultados pela firmeza dele”.
O protesto também é acompanhado por grupos de pessoas, a exemplo dos alunos e diretora de uma escola do vizinho município de Juazeiro, que chegaram na manhã de ontem e juntos rezaram de joelhos embaixo de um toldo improvisado no fundo da Capela de São Francisco.
Dom Luiz Cappio recebe a todos com calma, conversa com serenidade e recebe as manifestações de apoio enviadas.
Ele está apenas bebendo água.
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