domingo, 9 de dezembro de 2007

Correspondência do companheiro Prof Moraes(UFBA) enviada ao deputado Walter Pinheiro.

Meu caro Deputado Walter Pinheiro,

Como admirador de suas posições político-ideológicas, seu caráter e integridade e como seu eleitor venho discordar de sua posição publicada hoje (01/12/07) no Caderno sobre o RSF do jornal A TARDE, quanto à transposição das águas do Rio São Francisco.
A SBPC e diversas outras entidades científicas neste País tem debatido a questão e publicado posição contrária ao projeto de transposição por várias razões. As transposições tem gerado problemas, de diversas dimensões e ordem, em todos os locais onde são realizadas.
Lembro-me que desde 1981, quando o então ministro do Interior, Coronel Mário Andreazza, lançou o projeto da transposição, via o então DNOS, diversos técnicos e entidades no Brasil se colocaram contrários ao mesmo, inclusive a minha pessoa. Também o Partido dos Trabalhadores desde a sua fundação se colocou contrário à transposição (e também os seus mandatos, não?) que todos os governos até aqui tentaram iniciar, porém o acerto de campanha para eleição do presidente Lula em 2002, fez com que, uma vez no poder, o projeto de transposição passasse a ser prioridade do Governo Lula, em 2003.
A reação da sociedade até então, fez com que o projeto não se tornasse realidade até o "golpe" (porque não respeitou o diálogo acertado com D. Luiz Cappio, iniciado e sepultado logo após a tal comissão que foi formada com 60 membros, 30 do Poder Público e 30 da Sociedade, ser instalada) após a última eleição com a inclusão de R$ 6,6 bilhões no PAC para iniciar o projeto!
O presidente Lula brinca com os brasileiros, os nordestinos e comigo, quando diz que quem se opõe ao projeto de transposição são aqueles que bebem água envasada Perrier!
V. Exa. conhece bastante o grandioso trabalho da Articulação do Semi-Árido (ASA) e as tecnologias de convivência com o clima, a terra e a gente da região, que vem sendo desenvolvidas e implantadas com sucesso e divulgadas à nível nacional e internacional.
É disto que o Nordeste precisa, que os povos do Nordeste precisam e não de transposição para levar água (e o povo pagar) para o agronegócio, a carcinicultura, a Ceará Steeel etc etc etc, concentrando cada vez mais a renda e não permitindo um real desenvolvimento socioamabiental da região.
Assim, estou apoiando mais este ato radical (ir à raiz da questão) de Dom Frei Luiz Flávio Cappio, cidadão conhecedor da região do São Francisco e por quem tenho a maior admiração.
Na minha opinião, meu caro Deputado, o que vejo é um Governo refém dos hidro e agromercenários!
Dentro das minhas limitações intelectuais e de tempo, estou à sua disposição para discutirmos mais sobre a questão.
Abraços,
LRS Moraes

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