terça-feira, 1 de abril de 2008

A transposição “vai transformar a realidade de uma área onde vivem atualmente 12 milhões de pessoas. Um brasileiro não pode negar um copo de água para outro brasileiro que tem sede”, essa é uma das afirmações do presidente Lula usada nas mobilizações do dia primeiro de abril também chamado de “Dia da Mentira do Governo e da Verdade do Povo”.

Texto de Clarice Maia, Articulação Popular São Francisco Vivo.

Organizações populares tomaram a data para contrapor as mentiras divulgadas pelo governo sobre o projeto de transposição de águas do rio São Francisco. Além das frases do presidente são desconstruídas afirmações do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB/BA) e do deputado federal Ciro Gomes (PSB/CE), referentes aos benefícios que seriam conquistados com o mega projeto do governo federal.

Em São Paulo (SP), mais de mil pessoas devem participar do ato público na Casa de Portugal, com a presença do bispo Luiz Flávio Cappio, que no final do ano passado esteve 24 dias em jejum contra o projeto de transposição e por iniciativas de convivência com o semi-árido. Haverá entrevista coletivas às 17h.

Além da capital paulista, haverá mobilizações em João Pessoa (PB) e em Própria (SE), onde devem se juntar manifestantes de Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Bahia – região do baixo São Francisco.

Em Minas Gerais os atos acontecem em Belo Horizonte, na Praça Sete, onde manifestantes estarão com um boneco do presidente Lula e fazendo panfletagem. Nas cidades mineiras de Pirapora e Viçosa os atos públicos envolverão centenas de pessoas ligadas a organizações populares e comunidades tradicionais, além de estudantes.

Na Bahia as mobilizações iniciaram ontem (31), no município de Guanambi, com mais de 100 pessoas que percorreram ruas com faixas e distribuindo materiais com as frases repetidas por Lula, Geddel e Ciro Gomes. Centenas de pessoas são esperadas amanhã, no município de Casa Nova, onde conflitos agrários causados pela expansão do agronegócio, estão ameaçando a vida de mais de 300 famílias.

Na região um dos motivos de desconfiança são as afirmações dos governistas, sobre a reforma agrária ao longo dos dois canais da transposição. “Foi decretada a desapropriação, utilidade pública, para fins de Reforma Agrária, 100% das margens dos canais, todos, 3 km para um lado e 3 km para o outro estão indisponíveis para o uso privado, na idéia de fazer ali a maior fronteira de Reforma Agrária continua da história do Brasil com água”.

A frase dita por Ciro Gomes, no dia 14 de fevereiro desse ano, durante Audiência Pública no senado Federal, soa pelo menos estranha visto que a maior parte da área a que ele se refere é constituída de solos rasos e rochosos, impróprios para agricultura, de chuva ou irrigada.

Amanhã, na Praça da Piedade - região central de Salvador - as atividades iniciam a tarde com os lançamentos do filme “Além do jejum” e do relatório de Direitos Humanos, fechando com o ato público. Devem acontecer ainda mobilizações nos municípios de Santa Maria, Serra do Ramalho e da diocese de Barra.

Em todo o Brasil haverá pessoas em jejuns contra os projetos do governo federal que servem à expansão de um modelo excludente e desagregador, que beneficia empresários, nacionais e estrangeiros, e empreiteiras. As mobilizações vão de encontro a mais uma das falácias do ministro Geddel de que “não existem protestos e as questões ambientais e sociais estão sendo solucionadas”.

Mais informações:

Salvador – Zoraide Vilasboas: (71) 99984503
São Paulo – André Luis Valuche (11) 31077984/ 84192696
Alto São Francisco (Pirapora) – Alexandre Gonçalves: (38) 91933693
Médio São Francisco (Guanambi e outras) – Samuel Britto (77) 91363080
Submédio São Francisco (Casa Nova) – Cícero Félix: (74) 91984001
Submédio São Francisco (Casa Nova) – Marina Braga: (74) 91358689
Submédio São Francisco (Casa Nova) – Maria Oberhofer: (74) 91156977
Baixo São Francisco (Própria) – Alzení Thomaz: (75) 91361022

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