30/11/2007
Dom Luiz Flávio Cappio,
Bispo católico de Barra (BA), movido pela longa experiência religiosa de dedicação ao povo pobre do sertão, com quem convive partilhando necessidades e sofrimentos, esperanças e lutas, acaba de retomar o jejum (greve de fome) em favor da revitalização e contra a transposição do Rio São Francisco.
O Conselho Nacional de Igrejas cristãs do Brasil – CONIC considera o ato extremo de Dom Luiz primeiramente na sua dimensão religiosa de doação da vida em favor da causa de muitos irmãos e irmãs do semi-árido brasileiro. Esse ato pode resultar incompreensível para muitas pessoas e ser avaliado uma chantagem por membros do governo, mas é conforme à melhor tradição cristã pontilhada de mártires.
A decisão do Bispo é também coerente com os compromissos assumidos em 06/10 2005 entre ele e o Presidente da República de suspensão do processo de transposição das águas do Rio São Francisco e de um amplo diálogo com a sociedade. Esse diálogo foi bruscamente interrompido com o início das obras de transposição pelo exército brasileiro, fato fora do comum em países democráticos.
O CONIC defende o direito humano de acesso à água a ser gerenciado como um bem público de necessidade vital e apóia a ação de Dom Cappio e das organizações da sociedade civil em favor do abastecimento de água para toda a população e da revitalização do Rio São Francisco.
Este Conselho de Igrejas insiste na retomada imediata do diálogo com a sociedade no qual sejam tomadas em séria consideração as propostas alternativas, especialmente as do Atlas do Nordeste apresentadas pela Agência Nacional de Água (ANA). Estas garantem o abastecimento de água com os recursos hídricos próprios do semi-árido para uma população maior daquela que seria servida pelo projeto de transposição.
Atos como o de Dom Luiz Cappio e as atitudes das autoridades brasileiras, são acompanhados com apreensão não somente no Brasil, mas em muitos outros países. Todos juntos urgimos com as autoridades para que evitem as conseqüências extremas de iniciativas de cidadãos/ãs que, muitas vezes e em muitos países do mundo, impelidos pela consciência, se opõem não apenas a projetos discutíveis, mas até a leis estabelecidas.
O CONIC aceita a doação da vida de Dom Luiz Flávio Cappio como um testemunho cristão, se une a ele em oração e jejum e reafirma participar da luta em favor dos direitos das populações do semi- árido, da democratização do uso da água, da revitalização do Rio São Francisco e contra a sua transposição.
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