sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Lula afirma a presidente da CNBB que não abre mão do projeto de Transposição

Terminou há pouco (dia 12/12/2007, quarta-feira, dia de N. Sra deGuadalupe), no Palácio do Planalto, a audiência do presidente da CNBB –Conferência Nacional dos Bispos do Brasil -, dom Geraldo Lyrio Rocha, como presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. No encontro, domGeraldo Lyrio expressou ao presidente Lula “a preocupação da CNBB comrelação à pessoa e à vida” de dom Luís Flávio Cappio, em jejum 17 dias emSobradinho (BA), contra a transposição do Rio São Francisco.

“Colocamo-nos à disposição para colaborar na retomada do diálogo entre oGoverno e Dom Luiz Flávio Cappio”, diz o documento entregue ao presidenteLula. A respeito da transposição do Rio São Francisco, a sugestão da CNBBé a criação de uma “Comissão para estudar melhor o atual Projeto eanalisar também as propostas que têm sido elaboradas por entidadesgovernamentais, especialistas e movimentos sociais que consideram, também,a revitalização e a despoluição do Rio São Francisco”.

De acordo com a assessoria de imprensa da CNBB, Dom Geraldo Lyrio,presidente da entidade, colocou que foi muito bem recebido pelo presidenteLula, que após apresentar a ele o texto abaixo (leia-o na íntegra) seestabeleceu uma conversa a respeito das alternativas ao projeto deTransposição. Segundo a assessoria de imprensa, Dom Geraldo Lyrioconsiderou que a audiência foi importante por ter mostrado que as portasdo governo estão abertas para o diálogo, e que a CNBB está como mediadoranessa questão. O governo não se mostrou tão intransigente em algunspontos, mas coloca que, mesmo com o diálogo e diante de outras propostaspara o semi-árido, realizará o projeto de transposição a qualquer custo

Pró-memória
Encontro da Presidência da CNBB com o Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Senhor Presidente,

Dirigimo-nos a Vossa Excelência, com respeito e consideração, para demonstrar a preocupação da CNBB com relação à pessoa e à vida de nosso irmão Dom Frei Luiz Flávio Cappio, OFM, Bispo Diocesano da Barra-BA que,desde o dia 27 de novembro p. passado, se encontra em jejum e oração, em Sobradinho – BA, motivado por suas preocupações diante da implementação do Projeto de Transposição do Rio São Francisco, com todas as suas conseqüências e implicações.

No ano de 2005, Dom Frei Luiz Flávio Cappio realizou, durante onze dias,igual iniciativa em Cabrobó – PE. O encerramento do jejum ocorreu, aos 06 de outubro de 2005, após a ida do então Ministro das Relações Institucionais, Senhor Jacques Wagner, representando Vossa Excelência.

No dia 15 de dezembro de 2005, Vossa Excelência recebeu em audiência Dom Luiz Flávio Cappio e representantes de movimentos sociais, quando foi confirmado o compromisso da realização de um processo de diálogo, sendo criada uma Comissão mista com representantes do Governo e da Sociedade, intermediada pela Casa Civil e Secretaria Geral.

Não obstante os esforços feitos, a Comissão não atendeu plenamente os objetivos propostos porque não conseguiu obter consensos mais amplos. A CNBB tem reafirmado a necessidade de ser resolvido o grave problema da água para as populações do semi-árido brasileiro.

Entretanto, por causa da complexidade do Projeto de Transposição do Rio São Francisco, - com suas implicações sociais, econômicas, culturais eambientais -, julgamos que ainda seria necessário maior discussão, envolvendo as populações ribeirinhas, pescadores, indígenas, quilombolas, cientistas, especialistas e outros setores interessados.
O atual Projeto deveria ser mais analisado, considerando inclusive outras alternativas que garantam água de qualidade para o povo Nordestino, entre elas o Projeto 1milhão de cisternas.

Colocamo-nos à disposição para colaborar na retomada do diálogo entre o Governo e Dom Luiz Flávio Cappio. Sugerimos a criação de uma Comissão para estudar melhor o atual Projeto e analisar também as propostas que têm sido elaboradas por entidades governamentais, especialistas e movimentos sociais que consideram, também, a revitalização e a despoluição do Rio SãoFrancisco.

Com estas propostas, a CNBB quer contribuir para a superação do impasse do momento atual e, ao mesmo tempo, reafirmar seu propósito de continuar participando das iniciativas que buscam garantir água para o semi-árido brasileiro, a fim de que “todos tenham vida” (cf. Jo 10,10).

Brasília, 12 de dezembro de 2007

DOM GERALDO LYRIO ROCHA
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB

DOM DIMAS LARA BARBOSA
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB

* CPT com informações da CNBB.

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