segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Déda critica transposição do São Francisco

Foto: Janaína Santos/ASN

Publicado em 31/12/2007 às 08:05 h


O Estado de São Paulo


A transposição do Rio São Francisco tem apoio da maioria dos governadores de estados nordestinos envolvidos no projeto – Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Norte. As únicas vozes dissonantes vêm do sergipano Marcelo Déda – do mesmo partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT –, e de seu colega alagoano, Teotônio Vilela, do oposicionista PSDB.

Ironicamente, os dois estados não são considerados nem doadores de água, como Bahia e Pernambuco, de onde vai ser retirada parte da água do rio, nem receptores (Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e um trecho do sertão pernambucano). Entre os técnicos, eles são chamados de doadores indiretos, porque as águas desviadas do rio na Bahia e em Pernambuco chegariam a Sergipe e Alagoas.

“Tenho uma posição crítica à transposição porque, na minha opinião, o projeto ‘secundariza’ os interesses dos estados da Bacia do São Francisco, trata com timidez a questão da revitalização do rio e não resolve dúvidas relacionadas aos impactos ambientais”, explica Déda. “Do mesmo modo, não me convenço de que o projeto, na forma em que se encontra, seja a solução técnica com o melhor custo-benefício para a falta de água no Nordeste Setentrional.”

Do outro lado da mesa, o mais eloqüente defensor do projeto é o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), irmão do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), um dos mentores do atual projeto de transposição elaborado enquanto ele era ministro da Integração Nacional. “Praticamente não há cearenses contrários ao projeto”, acredita Cid Gomes. “A transposição é de fundamental importância para o Nordeste como um todo.”
Na Paraíba, o governador Cássio Cunha Lima (PSDB) buscou mobilizar a sociedade para apoiar a transposição. Em julho ele lançou o Comitê Paraibano em Defesa da Transposição do Rio São Francisco, que é presidido pelo arcebispo do estado, d. Aldo Pagotto, e reúne representantes de vários setores sob o lema “Quem tem sede apóia”.
Para o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), é natural que não haja consenso. “É claro que uma obra dessa magnitude causa controvérsias. Respeito quem é contra, quem fala que é preciso mais debate, mas é preciso entender que chega uma hora em que o Executivo tem de tomar uma decisão. E foi decidido que esta é uma obra que vai ajudar o povo nordestino a ter acesso à água, a ter mais dignidade, por isso a apóio.”
Segundo ele, obras de transposição são mais comuns do que se pensa. “Muitas metrópoles são abastecidas por águas de rios transpostos. Cerca de 60% da água consumida em Salvador, por exemplo, vem do Rio Paraguaçu, que nasce na Chapada Diamantina e deságua na Baía de Todos os Santos.”


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