Aconteceu durante esta sexta-feira, dia 10, no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe (UFS) o 1º Encontro Estadual de Polícia e Movimentos Sociais. O evento é uma iniciativa da Polícia Militar, com o apoio da Secretaria da Segurança Pública (SSP), e contou com representantes de movimentos sociais de todo o Estado. O encontro ratifica o estreitamento das relações entre os gestores da SSP com lideranças comunitárias de todo o Estado, cujo objetivo é resolver os conflitos no campo, muitos com necessidade de intervenção policial.
Levantamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostram que, em termos proporcionais, Sergipe é um dos Estados que comporta o maior número de famílias na zona rural, com cerca de 12 mil, principalmente no alto sertão. O mesmo número de famílias possui um Estado do porte de Minas Gerais. Por isso, segundo os organizadores do evento, é necessários encontrar soluções para manter um diálogo franco e permanente entre as lideranças sociais com os que fazem a Segurança Pública em Sergipe.
De acordo com o secretário da Segurança Pública, Kércio Pinto, a idéia é criar um laço amistoso entre o Estado e os movimentos sociais, algo raro na história de Sergipe. “Essa relação sempre foi marcada pela falta do diálogo e, em muitas vezes, pelo excesso de ambas as partes. Estamos construindo uma nova gestão na área da Segurança Pública que terá também como foco esta relação entre a polícia e os integrantes de movimentos sociais”, adiantou o secretário.
Em maio deste ano, a SSP anunciou a criação da primeira delegacia no Estado para tratar exclusivamente de conflitos agrários. A expectativa, segundo o secretário Kércio Pinto, é consolidar esforços feitos por órgãos públicos e entidades ligadas aos movimentos sociais. A unidade deverá funcionar no prédio recém alugado em Lagarto, onde será instalada a nova e moderna Delegacia Regional da cidade.
O principal organizador do evento, o tenente-coronel Luís Fernando Silveira de Almeida, nomeado pelo Comando da PM para ser o comandante de gestão de crise da Corporação, disse que os líderes dos movimentos precisam ter neste Governo um parceiro. “Confiem na polícia, pois não somos repressores. Trabalhamos como guardiões da comunidade e a SSP e PM estão atuando para conquistar esta relação”, comentou Luís Fernando. Para João Pedro Stedile, coordenador do Movimento Sem Terra Nacional, o evento é um fato histórico que merece toda a atenção e respeito do MST. O coordenador chegou a criticar a cobertura da imprensa nos casos de conflitos agrários e disse que decisões tomadas no âmbito do Governo do Estado serão importantes para contribuir com a diminuição dos conflitos no campo.
Segundo o promotor Deijaniro Jonas, designado inicialmente para a promotoria agrária de Sergipe, a iniciativa faz parte de uma política preventiva de segurança pública, envolvendo outros órgãos, a exemplo do próprio Ministério Público, Tribunal de Justiça, Polícia Militar e Incra. “A decisão está dentro de uma visão de modernização da segurança pública, de pensamento administrativo e atinge uma reflexão em termos de direitos humanos pautada em uma tendência nacional”, analisou Deijaniro.
A proposta é realizar uma série de outros eventos com integrantes da SSP e dos movimentos sociais no Estado. Ainda existe a possibilidade de o Incra organizar em Sergipe o evento nacional envolvendo líderes dos movimentos de vários Estados do Brasil. O evento ainda contou com a presença do coordenador do MST local, João Daniel, do comandante do da Polícia Militar, coronel José Péricles Menezes, da secretária da de Inclusão Social, Ana Lúcia, e de outras personalidades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário