O Povo Indígena Truká que resiste na retomada de seu território tradicional contra o projeto de Transposição no Eixo Norte em Cabrobó – PE, a 500 km de Recife, foi surpreendido com o corte da energia elétrica na Ilha de Assunção desde a manhã do dia 07/08/07 quando a CELPE (empresa de energia elétrica do Estado de Pernambuco) impediu o abastecimento de energia sem realizar nenhum aviso prévio à FUNAI nem a comunidade Truká. A Ilha de Assunção, além de ficar sem energia ficou sem água, uma vez que o abastecimento é feito através de bombeamento elétrico comprometendo completamente sua subsistência.
As lideranças Truká estiveram em Recife para conseguir uma audiência com as autoridades do governo do Estado, mas, não foram recebidos. “A gente tinha um acordo com o governo para permitir que as torres de alta tensão passassem em nosso território, em contra partida o povo não teria ônus com a energia e esse acordo agora foi descumprido. Além do mais, é nosso povo o maior produtor de arroz do Estado de Pernambuco. O povo precisa da energia para irrigar suas roças que já estão comprometidas. Agora, o governo simplesmente corta a energia sem se quer nos avisa. Entendemos, que essa já é retaliações contra nosso povo por causa do interesse da transposição”. Disse Neguinho Truká, Cacique da Aldeia.
Técnicos são Retidos
Na tarde de hoje dia 08/08/07, técnicos da COELBA (empresa de abastecimento de energia da Bahia) estiveram na Ilha para verificar as torres e ficaram retidos durante mais de quatro horas. O povo indígena exigiu que o governo resolvesse o problema, mas, sem nenhum acordo, os índios resolveram liberar os técnicos da COELBA no final desta tarde.
Derrubada das Torres de Alta Tensão
Como medida de alerta os índios derrubaram no final desta tarde uma das torres de alta tensão comprometendo parte do abastecimento de energia da região de Curaçá e Abaré na Bahia. Os índios estão fechando a entrada da ponte que dar acesso a Ilha não permitindo a entrada de pessoas e, exige do governo a ligação imediata da energia elétrica. A partir das oito horas da manhã do dia 09/08 caso o governo não resolva a questão, os índios prometem derrubar as próximas torres a cada meia hora.
Cerca de 500 famílias indígenas estão na retomada de uma terra, para garantir os estudos que comprovam a legitimidade de seu território e exigem o arquivamento do projeto de transposição, além disso, exigem a saída imediata do Exército de sua área tradicional. Neste momento, mais de 1200 índios entre homens, mulheres, jovens e crianças, estão em vigília acampados na entrada da Ilha de Assunção exigindo do governo a solução para o problema. Junto aos índios, somaram-se mais de 400 lideranças Quilombolas da Bacia do São Francisco que realizavam encontro para discutir os problemas da transposição na Ilha de Assunção. As Comunidades Quilombolas reassumiram posição contrária a obra e se fizeram solidários a luta de resistência do Povo Truká.
São Francisco Vivo: Terra, Água, Rio e Povo!
Paulo Afonso, 08/08/07
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