segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Exploração de aqüíferos pode tornar inúteis obras de transposição do rio São Francisco


A exploração indiscriminada dos aqüíferos subterrâneos responsáveis pela
manutenção da perenidade do Rio São Francisco pode resultar em uma perda
total das obras de transposição que o governo deseja implementar. A
informação é do professor de Geociências José Elói Campos, da Universidade
de Brasília, a partir de pesquisa sobre esses aqüíferos feita pela
universidade.

O período de seca na região Nordeste, explicou, atinge todos os estados e
a construção de poços para irrigar a plantação afeta o equilíbrio
ambiental, pois a água não retorna ao aqüífero e nem vai para o rio. A
perenidade do Rio São Francisco, segundo ele, é fruto do abastecimento
desses aqüíferos.

“Está ocorrendo uma intensificação no processo de utilização desses
reservatórios naturais, e se esses recursos não forem bem geridos,
poderemos assistir daqui a 20 anos a uma diminuição na vazão do rio,
resultando na perda de todas as obras de transposição”, disse Campos em
entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional AM.

O professor disse que essa exploração intensificou-se devido à vocação da
região para a agricultura irrigada e à proibição de retirada de água de
rios que são afluentes do São Francisco. Para o impasse entre o
desenvolvimento da agricultura e a proteção dos aqüíferos, ele sugeriu a
busca pela sustentabilidade do sistema, pois apesar de os reservatórios
serem interessantes do ponto de vista da quantidade de água, eles são
limitados.

O estudo foi realizado durante quatro anos no oeste da Bahia, divisa do
estado com Goiás e Tocantins, que mostrou também que os reservatórios
naturais são responsáveis por cerca de 40% do abastecimento do rio São
Francisco no período da seca.

“O que aumenta a preocupação é que não vemos, em nenhum momento no projeto
de transposição, menção ao aqüifero que é o grande abastecedor do São
Francisco”, disse o professor.

Professor José Eloi Guimarães Campos
PhD- 1996 - Universidade de Brasília: Estratigrafia, sedimentação, evolução tectônica e
geologia do diamante da porção centro-norte da bacia Sanfranciscana.

Marcos Agostinho - Agência Brasil
publicado pelo EcoDebate -
www.ecodebate.com.br

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