segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Encontro de Comunidades Quilombolas da Bacia do São Francisco denuncia MI

Cerca de 400 lideranças de Comunidades Quilombolas da Bacia do São Francisco
reuniram-se nos dias 07 e 08/08/07 na Ilha de Assunção, território do Povo
Truká em Cabrobó-PE, para discutir o projeto de transposição, analisar os
principais impactos em suas comunidades e buscar alternativas de luta e
resistência. Ao debater o projeto e suas reais intenções, as lideranças
observaram que o projeto de transposição mexe com os territórios
tradicionais, degrada o meio ambiente, compromete o Velho Chico e a
sobrevivência das populações em seu entorno, acarretará na perca de terras e
água. Além disso, o projeto é pautado na mentira, camufla seu real objetivo
que é de levar água para os grandes projetos de exportação. Trás o discurso
da seca e da redenção. Levantaram-se as preocupações com o custo desta água
e o processo de discriminação que vem ocorrendo na região do Setentrional
com as pessoas que se posicionam contrarias a obra. “Existe muita
perseguição com a gente que já entendemos que essa obra só vai trazer
sofrimento para nosso povo”. Disse seu Severino do Quilombo Araçá em
Mirandiba-PE.

A maior preocupação debatida tratou-se dos depoimentos apresentados à cerca
da presença do Ministério da Integração nessas comunidades. Dez comunidades
dos Municípios de Salgueiro, Mirandiba, Cabrobó e Orocó serão atingidas caso
o canal da transposição seja feito. Foram unânimes os depoimentos:
1. O MI chega na comunidade ou na sede do município através da prefeitura;
2. Avisa que a comunidade terá casa, banheiro, telefone publico, posto se
saúde, escola, estradas e água;
3. E por ultimo, comunica que tudo só será possível se tiver transposição;
4. Todos assinam atas confirmando as necessidades e a concordância com o
projeto.

As lideranças debateram propostas de enfrentamento a essas questões,
encaminhando as seguintes ações:
1. Realização de reuniões e debates de formação e sensibilização às
comunidades, escolas, etc. principalmente nas áreas onde o MI já passou;
2. Publicação da Carta Quilombola, reafirmando a posição contraria à obra e
o projeto que nós queremos – a revitalização verdadeira;
3. Ação junto ao Ministério Público Federal (6º. Câmara) contra a postura do
Ministério da Integração nas áreas Quilombolas, anexar dossiê da forma como
o MI vem tratando as comunidades;
4. Mobilizações: reforçar as lutas nos canteiros de obra, reforçar a luta
dos indígenas;
5. Participar das Articulações Popular em Defesa do São Francisco e
participar enquanto CONAQ da Via Campesina.
6. Comunicação: intensificar a Campanha contra Transposição com cartazes e
panfletos;
7. Construir o projeto de revitalização que nós queremos: agilização nos
processos de demarcação dos territórios quilombolas, resgate da cultura,
acesso aos direitos: saúde, educação contextualizada, previdência, inclusão
da juventude, alternativas de renda, rio e afluentes revitalizados, etc.

Cabrobó, Ilha de Assunção do Povo Truká, 07 e 08/08/07

São Francisco Vivo: Terra, Água, Rio e Povo!

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