terça-feira, 12 de agosto de 2008

Indignação de João Suassuna com relação às novas investidas das autoridades em projetos de transposição

Pesquisador João Suassuna

Meus prezados,

Estamos há 13 anos estudando as questões do rio São Francisco, denunciando
as limitações de suas vazões no atendimento às necessidades do povo
nordestino. Temos insistido na tecla de que o rio está limitado
hidrologicamente, portanto, não tendo a mínima condição de ofertar as
vazões que serão requeridas pelo projeto de integração de bacias (mais
conhecido como transposição do rio São Francisco). Fizemos questão de
levantar, inclusive, esse assunto no debate que participamos com o
ex-ministro Ciro Gomes, no programa Roda Viva, no ano de 2005, em São
Paulo
(http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/165/entrevistados/ciro_gomes_2005.htm)
. Notem os senhores que, já naquela época, nos preocupávamos com as
questões da incapacidade volumétrica no rio. Com a matéria abaixo, editada
no Estadão (SP), no dia 11/08, ficamos mais uma vez indignados: as
questões volumétricas voltaram à baila, prova inequívoca do reconhecimento
de nossas autoridades, da impossibilidade de êxito do projeto São
Francisco contando apenas com as vazões atuais do Velho Chico. Ainda por
cima, a matéria traz alternativas de aumento da vazão do rio São Francisco
com águas oriundas do rio Tocantins. Ora, essas alternativas já havíamos
tratado delas em 2001, através dos trabalhos de Caio Lócio Botelho,
http://www.fundaj.gov.br/docs/tropico/desat/lossio.html , quando este
fazia referência à possibilidade de utilização das águas oriundas das
lagoas Varedão e Jalapão, para a bacia do São Francisco, no exato local da
sugestão dos fornecimentos volumétricos existente na matéria do Estadão. A
nossa indignação maior diante de tudo isso, prende-se ao fato de estarmos
voltando à “estaca zero” nessas discussões. Em primeiro lugar, só agora as
autoridades reconhecem as limitações do Velho Chico para o fornecimento
volumétrico (esse reconhecimento, indubitavelmente, foi uma conquista dos
movimentos sociais). Em segundo lugar, esse reconhecimento veio em um
momento inapropriado, pois as obras do projeto da transposição do São
Francisco já estão bastante adiantadas, com boas chances de termos um
enorme elefante branco pela frente. Essa nossa preocupação se prende ao
fato da possibilidade de nossas autoridades não conseguirem recursos
financeiros suficientes para a implantação do projeto Tocantins. Na nossa
avaliação essa será a receita de termos, no São Francisco, um projeto que
irá ligar NADA a COISA ALGUMA e com boas chances de termos mais uma obra
inacabada, dessa feita no governo Lula. Diante dessa constatação achamos
que falta seriedade no trato da ciosa pública. Sobre esse projeto cremos
que ainda irá rolar muita água (ou pouca) entre Sobradinho e Xingó.

Um abraço,
João Suassuna

2 comentários:

Marcela Lopes disse...

Não a transposição!!!!!!!!!!!!!!!!!! isso é uma aberração !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

EDUCAÇÃO AMBIENTAL disse...

O CENTRO DE PESQUISA E GESTÃO DE RECURSOS PESQUEIROS DO LITORAL NORTE – CEPNOR e UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA – UFRA, vem através do presente convidar vossa senhoria para participar do SEMINÁRIO DE GESTÃO AMBIENTAL: “DESAFIO E PRÁTICAS NOS SETORES PÚBLICO E SOCIAIS”. Que será realizado no período de 08 a 12 de Agosto de 2011 nas dependências da UFRA.