segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Bispo ganha apoio de senhoras de Sobradinho

Cristina Laura, da Sucursal Juazeiro

Quinze senhoras da comunidade de Sobradinho (556km de Salvador) iniciaram nesta segunda-feira, dia 03, um jejum em solidariedade ao bispo de Barra, Dom Luiz Cappio, que completa hoje sete dias de greve de fome contra a transposição do rio São Francisco.
"Fizemos isso porque pensamos nessa transformação que eles (governo) querem fazer e que não trará nada de bom para os pobres", defende uma aposentada que faz parte da Legião de Maria. Segundo ela, as mulheres da comunidade foram pedir a Deus que dê forças ao bispo.
Essa atitude de solidariedade teve início na semana passada com o sociólogo Marcos Arruda no Rio de Janeiro e já tem adeptos em vários estados brasileiros e países como Bélgica e Alemanha. "Já são muitas pessoas fazendo jejuns de um,dois ou quantos dias acham que podem sustentar. Acho maravilhoso porque é um gesto concreto que pode ser visto sob aspecto espiritual pelo que fala a Bíblia sobre os jejuns e estratégico pela indignação do povo", afirma Dom Luiz Cappio.
Já no sétimo dia de jejum, o bispo apresenta tranqüilidade, continua conversando com todos que o visitam, bebe água em intervalos de 15 e 20 minutos, é assistido por equipe médica que vem de Juazeiro e afirma estar bem.
Para a advogada Paula Frassinetti da Silva, que visitou o bispo, o que as pessoas não podem esquecer são as razões que o fizeram protestar contra o projeto do Governo Federal.
"Fala-se muito na greve de fome do bispo e de que a ação é protestar, mas esquece-se, por exemplo, de mostrar o que não foi feito pelo governo para que se chegasse a uma atitude como essa.
A população precisa saber que existem inúmeras comunidades sem água, sem condições de vida mesmo onde tem açudes erio", desabafa a advogada.
Ela credita ao bispo o "pioneirismo porque teve a coragem de tomar uma posição contrária e isso é muito importante".
Dom Luiz diz que as atenções não devem ficar voltadas apenas para como ele está ou quanto ele vai agüentar sem sealimentar, mas que o tempo tem que ser aproveitado para reflexões e conscientizações a cerca das questões do rio. "O governo faz o que quer e não há fiscalização. As pessoas precisam enxergar o real sentido da transposição", afirma Dom Cappio.
Nesta terça-feira, dia 04, será realizado às 16h um Ato Público que tem início em frente a Capela de São Francisco, segue em caminhada pelas ruas de Sobradinho e finaliza às margens do São Francisco. Dom Luiz Cappio deve acompanhar de carro e são esperadas muitas pessoas da comunidade que mantém regularidade de visitas ao religioso.

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