29/11/2007
Ao responder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que disse preferir
ficar ao lado de 12 milhões de pessoas do que ao de d. Luiz Cappio, que
faz greve de fome, contra as obras de transposição do rio São Francisco, o
sacerdote afirmou que "este é um discurso antigo, aquilo que eu chamo de
propaganda enganosa". A matéria é de José Maria Mayrink, do Estadão,
publicada na quarta-feira, 28 de novembro de 2007, 15:16 | Online]
Bispo em greve diz que transposição 'é propaganda enganosa'. D. Cappio
iniciou greve de fome na última terça contra as obras do São Francisco e
cobra 'verdade' de Lula
SÃO PAULO - Ao responder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que disse
preferir ficar ao lado de 12 milhões de pessoas do que ao de d. Luiz
Cappio, que faz greve de fome, contra as obras de transposição do rio São
Francisco, o sacerdote afirmou que "este é um discurso antigo, aquilo que
eu chamo de propaganda enganosa".
"Essa água não é para 12 milhões de pessoas, é para pequenos grupos do
capital. Até agora não tiveram a coragem de assumir para quem é destinado
o projeto, não tiveram a coragem de assumir a verdade. Continuam com essa
falácia, continuam com essa propaganda falsa, enganando as pessoas". E
completou: "Ele, o presidente, devia ser mais verdadeiro e dizer com
clareza para o Brasil a realidade desse projeto, dizer para quem esse
projeto vai ser útil".
Cappio relembrou que há dois anos, "quando suspendemos o jejum lá em
Cabrobó, nós só o suspendemos porque houve um compromisso do governo para
que fossem paralisadas as obras e houvesse negociações. Nós confiamos na
palavra do governo, nós respeitamos as assinaturas de autoridades. O
diálogo teve início, mas logo se acabou. Nós acreditávamos que era devido
ao ano eleitoral. Mas quando terminou e Lula foi reeleito, nós o
procuramos, no início deste ano, pedindo a reabertura do diálogo.
Representando a sociedade, pedimos a reabertura de um diálogo permanente,
aparente, em busca de condições melhores para o povo do sertão. A resposta
do presidente foi o início das obras de transposição".
Segundo o bispo, não houve abertura para o diálogo. "Pelo contrário, foi o
fechamento, o ensurdecimento dele para as contribuições dos movimentos
populares. Houve um grande acampamento na áreas no início dos trabalhos.
Mobilizações não faltaram, contribuições não faltaram. O governo
manteve-se surdo. Foram dois anos de tentativa e nada aconteceu. As coisas
ficaram piores. Esse é o motivo pelo qual retomei o jejum", disse.
Indagado se o jejum ou greve de fome não é, para a Igreja, um suicídio,
Cappio respondeu: "Para os que fazem esse tipo de análise eu recomendaria
que lessem o Evangelho, que conhecessem um pouquinho mais a pessoa de
Jesus Cristo, a sua doutrina e pessoa dele como bom pastor. Que lessem o
Evangelho de João, capitulo 10, versículo 10, onde Jesus diz que ele é o
bom pastor, que veio pra doar sua vida às suas ovelhas. Quem faz esse tipo
de análise, esse tipo de discurso, desconhece as verdades do Evangelho. A
história da Igreja é uma história de mártires, de homens e mulheres que
deram a vida por amor à sua fé,por amor a seus irmãos. Quem faz esse tipo
de análise desconhece a espiritualidade da fé".
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