terça-feira, 18 de setembro de 2007

Padre Isaias ameaçado de morte


Cáritas Brasileira está sendo ameaçada em seu trabalho em proteção de quilombolas em Sergipe.
Dom Mário Rino Sivieri, bispo de Propriá denuncia ameaças e a violência no local e hipoteca solidariedade a quilombolas e posseiros. É importante observar que se nada for feito, aqueles que ameaçam vão acabar cometendo violência grave ou mesmo gerando mortes … é bom lembrar a história das ameaças de Irmã Dorothy, não foi feito nada e ela acabou sendo assassinada!

Relatório Sucinto DOS
ACONTECIMENTOS DO BREJãO
NO DIA 2 DE SETEMBRO DE 2007

Antecedentes: recebi fax da Câmara de Vereadores de Brejo Grande comunicando ter realizado uma audiência pública em Brejão, ocasião em que foram formuladas acusações de fraudes no processo de reconhecimento como Comunidade Quilombola. Isso tudo insuflado pelo pároco local Pe. Isaías Carlos do Nascimento Filho, afirma o documento, e por um jovem que não tem nenhuma qualificação para se definir presidente da Comunidade Quilombola.

Alguns acontecimentos: ao problema civil e social acima mencionado acrescentou-se uma complicação de ordem eclesial, bem explorada por parte de algum para denegrir a figura do Pároco, sobre as datas da celebração e da modalidade de celebração de duas festividades no referido Brejão, que o Bispo aconselho a serem celebradas no dia estabelecido pelo Calendário Universal da Igreja Católica. Um dos motivos desta determinação foi à tentativa de distinguir a festa religiosa dos festejos sociais freqüentemente incompatíveis com as ditas festas, como a presença de trio elétrico e outras ocorrências.

O fato: em vista disso, a convite, eu aceitei ir rezar uma Missa no Brejão. Várias autoridades estavam presentes. Na homilia me ateve a explicar a doutrina social da Igreja.

Terminada a Missa convidei para que o povo pudesse ter esclarecimentos. No interior da Igreja durante a Missa houve o maior respeito, enquanto fora da Igreja havia um grupo que incentivava o povo a sair. Houve desacatos ao representante da OAB por parte de um rapaz, que também veladamente ameaçou o Dr. Rodrigo, sendo que um conhecido do rapaz interpretou como ameaça de violência.

Terminada a Missa todos os que estavam fora entraram gritando slogans bem ensaiados
de “Fora o padre”. E a qualquer tentativa de acalmar não deixaram falar. Por esta razão suspendi a tentativa de dialogo.

Reunião: partimos de Brejão e nos reunimos na casa paroquial de Brejo Grande para avaliar a situação. Percebe-se claramente a desinformação de vários componentes da comunidade e a contra-informação bem orquestrada por parte de um grupo, não desprovido da presença de pessoas formadas. O referido grupo, a par das conseqüências sociais, econômicas, terreiras que envolvem o processo de reconhecimento como Comunidade Quilombola, espalhou informação erradas, que assustariam qualquer um, por pobre e miserável que seja, como o fato de já estarem suas casa hipotecadas e que seria tiradas dele para serem entregue a outros de fora.

Alguém escutou também ameaças que queimariam a casa do padre. Pode se duvidar destas ameaças quando isso já aconteceu no 25 de julho de 2006? Motivação: a atuação da Cáritas num tecido social fragilizado pela miséria, fome, desemprego, violência.

Diante destas ameaças levei comigo o padre para alguns dias de descanso. Mas não é a primeira vez que a Diocese de Propriá enfrenta ameaças desde os tempos de Dom Brandão de Dom Lessa, que se registram sempre naquela região. Os atos de violência praticados contra religiosos/as e leigos são bem documentados.

Implicações ulteriores:

Convém notar que não se trata somente da questão quilombola do Brejão, mas também de uma reação ao trabalho de conscientização da Cáritas Diocesana de Propriá, de flagrantes injustiças aos posseiros da Resina e da Carapitanga e da organização dos trabalhadores sem terra.

Ampliando a questão, em todo o litoral da Bahia e Sergipe existem problemas com a destruição dos manguezais e desestabilização da economia dos catadores e pescadores tradicionais dos moradores que vivem em simbiose com o meio ambiente. Grandes grupos com a violência querem subtrair o sustento quotidiano desses moradores. A região em questão não está foram desses problemas.

Sugestões:

1- vista a gravidade da situação em que se defrontam interesses de grupos econômicos forte, a Diocese hipoteca a sua solidariedade aos posseiros, à comunidade Quilombola e a todos que desejam ter terra para trabalhar’
2 - que se promova o uso de toda legislação atual para promover a Justiça e a Paz na região

Com os meus obséquios.

Dom Mário Rino Sivieri
Bispo Diocesano
Diocese de Propriá

Nenhum comentário: