Especialistas debatem transposição do rio São Francisco em Maceió
Urbanitários e líderes dos movimentos sociais participaram do evento
21/09/2007
David Motta
O Sindicato dos Urbanitários de Alagoas sediou hoje o evento “Transposição do rio São Francisco”, onde o pesquisador e técnico em recursos hídricos da Fundação Joaquim Nabuco - PE, Engenheiro Agrônomo João Suassuna, defensor da não transposição do rio São Francisco, debateu com Huseyin Miranda Sipahi, Adjunto da diretoria de engenharia e construção da Chesf – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco.
Huseyin iniciou a palestra apresentando o projeto do Governo Federal, onde detalhou como será feito a obra, valores e prazos, assim como benefícios que ela oferecerá para o povo nordestino e comunidades ribeirinhas.
Segundo especialista, não falta água no Nordeste, e sim gestão. Essa foi à tese apresentada por João Suassuna. “A população difusa do Nordeste, aquela que reside nos pés-de- serra, grotões, sítios e fazendas, a qual é assistida sistematicamente por frotas de carros-pipa, esta não verá uma gota sequer das águas do rio São Francisco.
Nesse sentido, existem fortes indícios de que a realização do projeto possa perpetuar a chamada indústria da seca na região”, disse Suassuna, completando que o projeto trará para estados que não serão beneficiados com a transposição o subsídio cruzado. Ou seja, vai aumentar o preço da água mesmo em cidades que não fazem parte do projeto, porque alguém vai ter custear o valor final que a água atingirá, cerca de R$ 0,11 pelo metro cúbico em alguns municípios.
Questões como o prazo para a idealização da obra, assim como o valor do orçamento do projeto foram discutidas pelas partes. A iniciativa tem como objetivo fazer com que a população se envolva nas discussões que vão envolver a realização do projeto que de acordo com o Governo Federal beneficiará 12 milhões de nordestinos.
Com a presença de representantes dos movimentos sociais alagoanos, do deputado Estadual Paulão-PT, do vereador Thomaz Beltrão-PT e do Presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Alagoas, Jorge Venerando, o debate foi uma exposição técnica sobre o projeto de transposição do Rio São Francisco.
Indagado sobre a sua posição em relação ao projeto, o deputado Paulão disse que primeiro deveria ser feita a revitalização do São Francisco, para depois, ver a viabilidade de uma obra como essa. "Eu sou a favor da revitalização do rio. Estes debates são importantes porque a sociedade civil organizada deve participar ativamente de decisões como essa", disse Paulão, completando que deveriam priorizar o estudo de impacto ambiental que a transposição vai trazer.
Projeto
No dia 11 de janeiro de 2007 foi publicada a autorização para licitação dos primeiros trechos do projeto no Diário Oficial da União e no dia 4 de junho de 2007, soldados do exército brasileiro começaram a instalar-se na região para dar início a construção dos canais de aproximação que ligarão o Rio São Francisco às estações de bombeamento das águas.
No mês passado, especialistas e militantes das causas sócios ambientais de diversos estados iniciaram uma caravana pelo Brasil com o objetivo de mobilizar a população para impedir o início da obra, chamando a atenção da sociedade para todas as incoerências do projeto.
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